terça-feira, 17 de junho de 2014

Music to my love #79

O mote é um dia, uma música.

The motto is one day, one music.


Marrocos - Dia 1

O primeiro dia da aventura marroquina começou ainda em Portugal. Depois de uma noite em que dormi pouco (ou nada), acordei com um misto de sentimentos que raras vezes me assaltam. Em primeiro lugar, era a primeira vez que ia sair da Europa. Sim, já tinha viajado algumas vezes na minha vida... mas nunca para um país cuja cultura era completamente desconhecida! Segundo, ia ser a primeira grande viagem com a Angela! Isto depois de meses sem estar com ela, embora o sentimento nunca tenha esmorecido, bem pelo contrário! Em terceiro e último lugar... nem sabia se ela conseguia apanhar o avião... mal acordei mandei-lhe mensagem e, passado uma hora lá obtenho resposta: ainda em casa e a mala por fazer. Ah, nisto faltavam cerca de uma hora e um quarto para a hora combinada no aeroporto! Quem não ficaria nervoso numa situação destas? Mas não sei como - ainda hoje tento descobrir - mas a Angela tem um dom. Consegue enervar quem por ela espera até à ultima mas também consegue arrumar tudo e chegar à hora combinada ao destino combinado! Magia? Eu bem digo que ela é especial, lá terá alguns truques à Houdini sempre que precisa!


Conseguimos encontrar-nos a horas no aeroporto, e a partir daí tudo correu bem. Bem demais, pensava eu. Com tanta acalmia teríamos alguma surpresa reservada à chegada a Marrocos...
O voo correu na perfeição. Como habitual, pouco depois da descolagem ela adormeceu. Juro que nunca vi ninguém tão à vontade no que diz respeito a encostar a cabeça e mergulhar com tanta velocidade num sono profundo! Já eu, por outro lado, sou um entusiasta dos voos. Reservado o meu lugar à janela não conseguia desviar os olhos do que se conseguia vislumbrar lá em baixo. Como o avião andou sempre perto da costa portuguesa, foi especial ir observando sítios já bem conhecidos numa perspectiva diferente!


A nossa única surpresa no voo foi a rapidez com que chegou ao fim! Mal tinham acabado de servir a refeição e já estavam a anunciar a nossa chegada ao Aeroporto de Marraquexe. O momento da aterragem revelou-se como o segundo momento de nervos do dia, tive mesmo de agarrar a mão da Ângela para ter algum conforto num momento que me deixa bastante nervoso. Já ela só sorria para mim e perguntava se eu estava bem :-)
Saídos do avião, preenchida a papelada necessária para entrar no país, carimbos no passaportes e... Marrocos, chegámos!


A primeira noite em Marraquexe já tinha destino: um Riad numa zona bastante central da cidade. O transporte já tinha sido combinado com o próprio Riad, um Jeep bastante antigo. A Ângela saltou logo para o banco da frente para poder tirar fotos. E clicar é com ela, sempre atenta a todos os pequenos detalhes de uma cidade bastante "rosa" mas com aquele atractivo de ser algo diferente aos nossos olhos! A primeira impressão, tirando a cor dos edifícios, foi mesmo a quantidade de gente que se desloca de mota por lá. Parecem formigas, sempre a furar pelo meio do trânsito, a desrespeitar os sinais vermelhos, sem capacetes (embora lá seja legal), a conduzirem apenas com uma mão... vimos de tudo! E embora a condução me tenha parecido uma verdadeira loucura, a verdade é que os marroquinos são muito bons condutores! Quase a chegar ao destino, os nervos voltaram. A Ângela lá continuava a tirar fotografias... até nos mandarem parar. Um polícia motard reparou num dos cliques dela e, percebendo que podia ter aparecido na fotografia mandou-nos mostrar o resultado. Nesta altura já eu sorria, não conseguindo disfarçar o meu mal-estar. Já a Ângela estava perfeitamente normal como se nada se passasse! Lá teve de apagar a referida foto e nem o condutor escapou a uma reprimenda... Afinal de contas, nós os "estrangeiros" devíamos ter sido educados... fotos de pessoas não, polícias... muito menos! Lá seguimos viagem, estacionando um pouco mais à frente.




Esqueçam os destinos turísticos de Marraquexe: estávamos nos bairros, ruas apertadas sempre com carros e motas a passar rente, pequenas lojas de comércio com pessoas sentadas à porta, mais pessoas a circular... brinquei com a Ângela dizendo que estávamos a ser levados para um beco escuro para ser roubados e violados! Já ela só se ria, dava para perceber que já estava vacinada depois de alguns meses na Arábia Saudita. Umas curvas para a esquerda, mais umas para a direita... e chegámos ao destino. Eu não fazia ideia do que ia encontrar: ela tinha-me pedido para não pesquisar o Riad na net e eu, mesmo tentado a fazê-lo, lá resisti. O Riad Malika. Nunca avaliem nada apenas pelo que vêem à superfície. O velho ditado "feio por fora, bonito por dentro" fez todo o sentido mal passámos o portão principal. Imaginem um palácio milenar com pátios verdejantes no seu interior! Indicaram-nos uma das várias mesas que se encontravam espalhadas no pátio para tomarmos o chá de boas-vindas. Chá de menta e bolinhos que não duraram muito ao pé de mim. Ficámos a descansar algum tempo antes de irmos para o quarto, já eram quase horas do jantar por isso não fizemos grandes planos para passear.








Antes de subirmos para o quarto a minha imaginação fervilhava: se o pátio era assim... o quarto não podia defraudar as minhas expectativas... e não defraudou! Levaram-nos para o piso de cima e indicaram-nos a porta. Quando entro fiquei completamente aturdido: o quarto parecia não ter fim à vista! Um hall de entrada, um quarto com cama de casal, a suite propriamente dita com uma cama king size, sofás, armários, mesas... e a casa de banho com jacuzzi, lareira e mais sofás ainda! Andei minutos a explorar cada recanto da suite. Até a Ângela parecia surpreendida com o tamanho e beleza que encontrou :-)








Preferimos jantar no Riad: provámos a primeira tajine marroquina, totalmente vegetariana. Dava para alimentar 3 de nós mas era deliciosa! Vinho marroquino, cerveja marroquina... quisemos uma primeira refeição verdadeiramente local. E valeu cada dihram gasto, sem dúvida!





Para abater o jantar decidimos ir passear um pouco, o destino foi a Place Jamaa El Fna, onde se encontra a mesquita principal. Fomos a pé, já noite cerrada. Tinha algum receio já que nos encontrávamos numa zona menos turística, mas o receio era infundado. Sempre muita gente a circular, embora mais marroquinos, turistas só mais perto da praça. Ninguém se meteu connosco sem ser para divulgar restaurantes, vender drogas ou... ficarem simplesmente a olhar para a Ângela! Tanto homens como mulheres, pelos vistos tenho bom gosto já que ela era a atracção principal! A praça era enorme: desde cavalos atrelados a carruagens para aquele passeio romântico até às várias bancas com todo o tipo de frutas, frutos secos, especiarias, bolos... até a uma zona de restauração ao ar livre junto ao Souk. A ideia de socialização nesta zona eram pequenos grupos de marroquinos com instrumentos musicais, tambores, que tocavam e cantavam para quem quisesse ouvir. Embora já fosse tarde e todas as lojas já estivessem a fechar, quisemos entrar no Souk. O ambiente era um pouco assustador, fiquei com receio que começassem a chover ofertas pela Ângela e como não tinha sítio para guardar camelos nessa noite não quis arriscar :-)
Já cansados, voltámos para o Riad... sem antes nos perdermos algumas vezes, tudo graças ao meu grande, grandee sentido de orientação! Foi o final de um dia em cheio, a prometer mais e mais para os que se seguiriam!

segunda-feira, 16 de junho de 2014

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Depois do reencontro, o regresso ao mar

Fun surf


Um dia depois da sua chegada... combinámos ir surfar.
Por ela, tirando o cansaço inerente a uma longa viagem, sei que tinha ido logo mal voltou a por os pés em solo lusitano.
Vistas as condições, decidimos ir para Carcavelos que se apresentava com a onda ideal para quem já não surfava há mais de 3 meses. Carro carregado e... a caminho da praia!
Chegados a Carcavelos comecei a notar algum nervosismo da parte dela. Ainda no parque de estacionamento ficámos alguns minutos a olhar para as ondas, eu cabisbaixo pelo seu (pouco) tamanho, ela sorrindo nervosamente e soltando alguns "Ah que está um pouco grande para mim!".
Consegui acalmá-la, afinal de contas estaria sempre a seu lado, tentando ajudá-la em tudo o que pudesse. Vestidos os fatos, feito o aquecimento... entrámos na água! Sempre ao seu lado, só me dava para sorrir e dizer piadas para a tranquilizar. Continuava com algum receio de, imagine-se, já não saber surfar!
Mas acreditem, nunca se esquece. Os movimentos podem estar mais "enferrujados" devido à ausência prolongada dos mares, mas mal nos montamos em cima da prancha... aquela sensação de liberdade volta a invadir-nos de tal forma que tudo o resto se torna novamente natural.
Remámos para outside e esperámos. As ondas estavam tímidas, talvez até demais. Levei a minha prancha de Epoxy, a que mais me ajudou a desenvolver as minhas bases de surf até ao momento. A Ângela estava com uma 7'6, a amarelinha com a qual já tinha partilhado ondas anteriormente.
Quando as ondas vinham, eram moles. Ia gritando: "Rema, rema, peito para cima, take-off rápido!" como habitualmente, estando também eu um pouco nervoso!
Até que... chegou. Ela remou, levantou-se e... cortou a onda tão bem ou melhor do que antes da sua ida para as Arábias! O seu sorriso no final, próprio das crianças extasiadas com um qualquer brinquedo novo, foi impagável.

Depois disso, muita brincadeira, muitas ondas, algumas quedas... mas o importante foi poder voltar a partilhar com ela esta nossa paixão que acaba por nos unir ainda mais.


terça-feira, 10 de junho de 2014

quarta-feira, 4 de junho de 2014